Não fazia muito tempo que estavam juntos. Ela não sabia nem definir o que estava realmente acontecendo ali, mas nem se importava com isso.
As ligações passaram de minutos a horas. Os abraços eram mais envolventes e protetores, talvez até meio possessivos. Os beijos já não eram mais no rosto. Mas de todas as mudanças, a que definiu o indefinido, foi o olhar.
Já não eram mais olhos vagos. Olhos que não se encontravam. Agora, eram olhos de quem queria enxergar mais. Enxergar uma ingenuidade, uma sinceridade, uma simplicidade. Olhos que se encontravam e esqueciam de todo o resto.
Ela estava esperando por isso já fazia tempo. Esse conforto, essa segurança. Ela estava esperando por ele, mas nem sabia disso. E ele estava tão perto... ali ao seu lado o tempo todo.
Ele a abraçou forte. Ficaram em silêncio por algum tempo. Os dois tinham isso de esperar. Esperar nem se sabe direito pelo quê. Era uma serenidade compartilhada. Compartilhar era a palavra certa pra eles. Compartilhavam todo um mundo, com seus problemas quase-impossíveis de serem resolvidos.
Mas existia outro tempo. Outro mundo. Um mundo só deles, em que problemas eram censurados. Era um mundo mais doce, mais simples. Era ali que eles viviam igual àqueles filmes de romance. Flores que não murchavam, fotos em preto e branco e sorrisos de felicidade plena.
Ele a olhou com aquele mesmo olhar de admiração, dessa vez, com uma firme certeza. Certeza de quem sabia o que queria. Ou melhor, quem queria.
Ele a queria. E ela sabia disso.
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imagem: we♥it |